Londres, 18 de fevereiro de 2011
Mãe,
é com grande pesar que lhe escrevo. As coisas por aqui têm estado um tanto remotas com sua ausência. Desde o dia em que você saiu, não consegui me virar aqui em casa.
O telefone não me descansa um segundo sequer; seus clientes ligam a intervalos regulares, ansiando por notícias – é claro que não disse a eles que você me abandonou. Seria no mínimo anti-ético.
Não consigo, ao menos, preparar meu café da manhã, e por vezes a fome me coroe durante horas, mas isso não vem ao caso, não quero preocupá-la. Não me importo que meus pães sempre queimem na sanduicheira ou que o suco que preparo mais parece uma água doce colorida, pois o que realmente me faz falta é você.
Ah, já ia me esquecendo: Gerard, o nosso cãozinho, está dormindo no tapete da sala de visitas. Achei que não haveria problemas, uma vez que o pobrezinho arranhava a porta desesperadamente, querendo entrar.
Briguei na escola. A professora me repreendeu severamente e me suspendeu por três dias, não é o máximo?
A cada dia que passa, risco um número no calendário, assim posso contar os minutos para sua chegada.
Bem, espero que não tenha lhe deixado aborrecida ou preocupada. Peço que aproveite ao máximo seus últimos dias de férias.
Já contei que aquela sua coleção de jarras escocesas quebrou? Mas deixa isso pra lá, quando você chegar a gente conversa.
( Rafael Villas Boas)
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