quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

e ainda me perguntaram...

E ainda me perguntaram por que eu queria ser escritor.
Qual o motivo da pergunta? Nem mesmo a sinhá valoriza meus versos... tampouco a velha fiandeira que mora aos fundos, no quintal das laranjas.
Devem se interessar no dinheiro que ganham os escritores, poetas; o Barão e a Baroneza de outrora cobiçavam os versos de Maria e Caipora, hoje nada mais existe se não o desejo do deslumbre e brilho social.
De mim se aproximam com marejo nos olhos, esperando que da ponta do lápis escorregue alguns vocábulos organizados. Mas assim não o farei, pois do meu orgulho dependo e meu talento defendo; não vendo.
Papeis à mesa, xícara ao lado e cabeça engrenando. è assim que vivo, é assim que me contenho. Afinal, onde estiverem o meu orgulho, meu talento e meu desejo, eu ali estarei. E não descançarei.


Rafael Villas Boas

domingo, 20 de fevereiro de 2011

arabella

Já se passara quase um mês e eu ainda perambulava por aquela rua acidentada, esperando que a moça voltasse a se mostrar na janela. Mesmo depopis deste período, eu não conseguira sequer uma piscadela reprimida, um sorriso maroto que fosse; ainda assim não desisti.
Todos na rua já sabiam quais eram minhas intenções para com ela, e mesmo assim a danada fazia-se de difícil e torcia o nariz todas as vezes em que eu passava.
À noite, quando as belas moças iam para a praça do chafariz, Arabella trancafiava-se dentro de casa, temendo me ver, sozinho, vagando sob as chamas bruxuleantes dos lampiões da rua.
Os dias foram passando, assim como as noites. Algo batia intensamente em meu peito, exigindo justificativas, mesmo que estas fossem efêmeras, porém nada fazia alusão à ignorânica e preponderânica de Arabella. O próprio pai da moça ja viera falar-me, manifestar sua aprovação à circunstância, mas de nada adiantou.
Em todos os dias que se seguiram eu continuei perambulando frente à janela, e logo depois ia até a farmácia conversar com o pai da moça. As conversas eram sempre duradouras e ricas, cheias de incentivos da parte dele.
Chegou a um ponto em que meu ego estava esgotado do sofrimento e do desejo que sempre ardia em meu cérebro. Tomei uma decisão: mudaria de cidade para distanciar-me de Arabella. E assim fiz.
Me estabeleci em um vilarejo longíncuo, mas populoso. Tudo era muito espesso e avantajado (árvores, pássaros, casas, moças...)
Fui logo procurar um emprego e fiquei sabendo por fontes desconhecidas que havia chegado na vila um casarão boticário - ou em melhores palavras: uma farmácia. Apresentei-me então logo pela manhã do dia seguinte e levei um susto. Uma mulher de cabelos negros e brilhantes mantinha-se parada atrás do balcão de forma prontificada; Arabella me lançou um olhar e sorriu de forma displicente.
Desmaiei e acordei algumas horas depois em uma enfermaria local.


- É um excelente casarão boticário, não acham? - diziam várias mulheres carpideiras, nas semanas que se arrastaram - A cidade realmente precisava de maiores benefícios.

Meu sofrimento começara novamente. E eu nada poderia fazer.


Rafael Villas Boas

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

café

Café com pão, café com leite
Café de dia, café à noite;
Pita um toquinho e la vai bebericar o colonial ]
Torrado no, arado, terreiro ensolarado
Dentro do saco ou na xícara
Café.
Café com pão, café com leite
Café de todo dia,
Café que eu já sabia.

Rafael Villas Boas

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Caminhos tortuosos.

Passei por encostas e morros
Andei por trilhas e caminhos tortuosos
Porém nenhum foi tão árduo
quanto o vale da morte
Cruel e lívido
Sombras escuras
Rios negros, árvores pétreas
Não havia sinal de vida
Não havia pássaros ou ou flores
Só havia dor e angústia
Percebi que um ser me seguia
Corria ao meu encalço
Tropecei
Caí, mas levantei
e Segui sozinho,
procurando alternativas para uma fuga
Percebi que não seria difícil escapar
Corri de forma voraz
O ser já não me seguia mais



Rafael Villas Boas

the marauders map

"Eu
juro
solenemente
que
não
pretendo
fazer
nada
de bom"

( The Marauders Map/ Harry Potter - A Magia do Cinema)