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Escutei um ruído, um barulho vindo de baixo... oriundo da sala de visitas. A porta talhada em marfim rangiu alto. Pulei da cama, joguei os travesseiros para o alto e fui espiar a janela; a porteira da fazenda estava toda escancarada e a luz da varanda acesa.
Mais ruídos, mais barulhos... quebrou um vaso, tropeçou no tapete.
Eu fiquei aterrorizado, amedrontado. Seria um ladrão? Um animal grande que fugira da mata e viera para dentro de casa? Resolvi, então, descer para verificar: peguei o lampião que ficava em cima da penteadeira, acendi-o e fui descendo, pé ante pé.
Quando cheguei na sala de visitas, estava tudo normal, mas não iria desistir assim tão facilmente. Andei mais silenciosamente, em direção à cozinha. A chama da vela fazia minha sombra parecer grande e ameaçadora no corredor.
Atravessei o grande e rústico portal de madeira. Estava tudo calmo e silencioso. A lenha ainda ardia no fogão, quase se desintegrando em cinzas.
Foi quando percebi: não havia mais frutas na fruteira; TODAS haviam desaparecido. Fui observar, me aproximei mais. Junto à fruteira vazia, um monte de moedas velhas em sem valor faziam juz ao que fora retirado.
Alguém, algum pobre-morto-de-fome, tentara me roubar as frutas com um tom sublime de bondade e caráter.
Subi então, novamente, passei a tranca nas portas e janelas, aconcheguei-me na cama de espaldar e esperei que a noite se arrastasse e o sono me envolvesse mais uma vez.
Rafael Villas Boas
Mais ruídos, mais barulhos... quebrou um vaso, tropeçou no tapete.
Eu fiquei aterrorizado, amedrontado. Seria um ladrão? Um animal grande que fugira da mata e viera para dentro de casa? Resolvi, então, descer para verificar: peguei o lampião que ficava em cima da penteadeira, acendi-o e fui descendo, pé ante pé.
Quando cheguei na sala de visitas, estava tudo normal, mas não iria desistir assim tão facilmente. Andei mais silenciosamente, em direção à cozinha. A chama da vela fazia minha sombra parecer grande e ameaçadora no corredor.
Atravessei o grande e rústico portal de madeira. Estava tudo calmo e silencioso. A lenha ainda ardia no fogão, quase se desintegrando em cinzas.
Foi quando percebi: não havia mais frutas na fruteira; TODAS haviam desaparecido. Fui observar, me aproximei mais. Junto à fruteira vazia, um monte de moedas velhas em sem valor faziam juz ao que fora retirado.
Alguém, algum pobre-morto-de-fome, tentara me roubar as frutas com um tom sublime de bondade e caráter.
Subi então, novamente, passei a tranca nas portas e janelas, aconcheguei-me na cama de espaldar e esperei que a noite se arrastasse e o sono me envolvesse mais uma vez.
Rafael Villas Boas